PESCARIA

Eu tenho algo preso à garganta,

E fere como espinhas em um feixe,

Mas o espinhaço não era de peixe

E nem tinha sereia aquela janta.

Pigarreio, e de nada adianta,

E por mais que de tosse eu me queixe,

A voz em fúria diz, “Cansei, me deixe,

Não dá sereia em lago, sacripanta”.

A pescaria foi pra lá de boa.

Tanto é que depois fiquei à toa

A ver o nunca visto em samburá.

O anzol da mão no aperto à goela,

Trancando o som de outra esparrela,

Obrigava-me a mais não ir pescar.