Poesia Descrente

Se eu não fosse concreto e cimento

Eu seria de carne e abstrato,

Um poema sem pele ou contrato,

Minha vida um tão breve momento.

Se remexo no avesso da rima,

Não mais vejo a palavra perfeita,

Nem as outras, que usei certa feita,

Quando fui sentir gosto de Lima.

Já não luto em silêncio baldio,

Nem fugir quero mais neste texto,

Pois se vai o meu ano bissexto

A levar mais um verso sem brio.

Seu eu não for uma estátua de sal,

Vou ser Ló, noutro canto, afinal.