Nascestes em mim silente como o lírio
Nascestes em mim silente como o lírio,
que nos prados solitário lá floresce...
Angústia, flor que exalas o martírio,
e o dia como as trevas escurece.
Ao olhar-te no infinito nobre círio,
qu'encantas quando à alma entristece...
Silente, ficas o meu ser como um lírio,
solitário que nos prados lá floresce.
Em mim sinto tocar-me incorpóreas,
vossas mãos que trazem sofrimento,
vossas mãos frias e merencórias.
Carícias não me fazem e à alma não confortas,
tuas mãos, eu sinto-as por dentro,
vendo tiritar as folhas mortas.