Homenzinho
Homenzinho, imperioso que grites
Se faz, frente a que nada o console
Na íntima insignificância que habites
Ou na rua, reverberante qual um fole.
Cabe a ti que teu escárnio exercites
Homem pequeno desta imensa prole
Como outrora fizera o ousado Tersites
Cuja frágil sombra a História engole.
De um único golpe morto por Aquiles
Morto como tu, quer o veneno destiles
Quer a tua bile engulas, feita remédio
Que nada mais cure além da injustiça
Da vida, seja de trabalho ou preguiça
Seja de pura angústia, seja de tédio.