Três mortes

(Sobre conto homônimo de Leon Tolstoi)

A lúgubre expressão do sobrecenho

Cavada na face como escultura

Em sua intermitência clara, obscura,

Revela o medo e a casa de onde eu venho.

Não houve antiguidade mais precária

Que a máscara alva traduzida em mim.

Não há, nalgum vestígio de marfim,

A rápida caveira mortuária?

Não há, no currículo do elefante,

O claro suicídio da sua carreira

Antes de ter nascido em frente à morte?

Não consta, no diploma da madeira,

A alma escura, fatal, desconcertante,

Que se esculpe antes que o machado a corte?