Mágoas Noturnas
Ó noite! Sigo a colher das horas as urzes,
que encantam e inspiram todo ser.
A vida, um cemitério sem as cruzes,
onde vago, a sonhar, no entardecer.
Comigo ninguém vem astro celeste,
tu, só que me olhas quedo a vagar...
Ó sombra, que resvala no cipreste,
quem me ouves é apenas o luar.
Mágoas noturnas, corações enfermos,
são como pássaros noturnos
que cantam solitários nestes ermos.
Ai, enquanto vais assim sombria,
com teus olhares soturnos,
doirada, busco eu a luz do dia.