O ser poético não vai a guerra.

Haver na guerra tudo para o poeta,

mas não há poeta dentro de uma guerra.

Não há porque ninguém há em ter -- a vida

há de perder os dia sem nada ver.

 

Por que ei de enunciar um poeta em guerra?

Se sei que o poeta não é mais um poeta.

E que não há mais o que se fazer criar

--tudo perece mesmo antes de morrer.

No ímpeto túmulo que faz-se o homem,

não há homem no que fazer ou crer:

tudo desvai em rio vermelho sem nada...

nada há para escrever, ou no ser

ter o que valer. A dor é o ser sem nada

ter -- a alma? ferida sem cura "aver!

Cesar Amaral
Enviado por Cesar Amaral em 27/09/2019
Reeditado em 20/11/2019
Código do texto: T6755359
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