Soneto sem título

Ainda acredito em papai noel,

acredito que tudo é possível.

Sei que a vida é só a porta do céu

que se fecha num eclipse indefinível.

Quem sou eu na vida? Apenas um réu

julgado por uma lei incoercível.

Minha pena é sofrer o amargo do mel

e a doçura do fel no mesmo nível.

Sim, ainda creio no amor de madrugada,

no apalpar de um túrgido seio,

no enleio da cama incendiada.

Ainda creio em milagres, ainda creio

que a vida é uma súbita chegada

de um hóspede que ainda não veio.

Sarauvirtual
Enviado por Sarauvirtual em 16/10/2019
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