PROCISSÃO

A avenida se estende langorosa

à sombra das eternas moradias,

que teremos por lar chegado o dia,

que Ela venha até nós ter sua prosa.

A tarde, insensível e majestosa,

pintando o céu nos tons da rebeldia,

tem por angustiante companhia,

lamúrias e conversas pesarosas.

O tráfego evolui em ritmo lento,

como se nunca chegar fosse o intento,

rotina nessa tumular cidade.

Inerte, comandando a procissão,

refém de irrevogável solidão,

o homem morto receia a eternidade.

*em interação ao soneto ATRÁS DO SOL de Poeta Carioca.

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 26/10/2019
Reeditado em 09/09/2020
Código do texto: T6779523
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