SONETO PARA A MORTE DA JUVENTUDE (Canto aos seis jovens do Rio)
Quem sufocou os belos sonhos da juventude
se existia no ar uma plena querença redivida
no frescor, no alento, na fascinação aturdida
dos seis meninos marcados pela negritude?
Por que podem ali usurpar a lícita inquietude
se, entre os jovens, havia uma paz acalentada,
no enlaçar de vozes no rumo à tão esperada
canção mais humana, na sua incompletude?
Se deixarem marcas, quantos ali não abrem a ferida?
Sem ousarem, castos, quantos não morrem? De graça,
varridos nas valas da injustiça, noutra vida abatida?
Acaba-se no Rio o ensaio de vida, numa atroz perfídia,
já não ascendam à felicidade, perdida no uivo da raça,
pois não são os jovens esquecidos na mudez da mídia?