APARENTE

Certamente não sei do que sou feito

Se do resto o flagelo do menino

Se do rosto amargado e citadino

Ou da mágoa que levo para o leito

Muito embora eu preserve isto comigo

A luxúria por certo me condena

Veneno que decerto vale a pena

Apuros na falácia do castigo

Quero, inerte, gozar da nulidade

Ter a alma saturada de saudade

Ver com olhos que nunca foram meus

Posto lá onde o mundo é indiferente

Fiz o enfeite da lágrima aparente

Pus corda no pescoço de meu deus

Bruno Sousa

Bruno Sousa
Enviado por Bruno Sousa em 06/11/2019
Reeditado em 17/05/2023
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