APARENTE
Certamente não sei do que sou feito
Se do resto o flagelo do menino
Se do rosto amargado e citadino
Ou da mágoa que levo para o leito
Muito embora eu preserve isto comigo
A luxúria por certo me condena
Veneno que decerto vale a pena
Apuros na falácia do castigo
Quero, inerte, gozar da nulidade
Ter a alma saturada de saudade
Ver com olhos que nunca foram meus
Posto lá onde o mundo é indiferente
Fiz o enfeite da lágrima aparente
Pus corda no pescoço de meu deus
Bruno Sousa