LEMBRANÇA

Em mim há uma lembrança recorrente

De quando eu tocava teu cabelo

E, acariciando o rosto com desvelo,

Colava os lábios em tua boca ardente.

Nada depois de feio ou indecente

Ocorria no ato sob o apelo

Dos corpos misturados em novelo,

Se amando como bichos, simplesmente.

Furtivo eu dispensava o trabalho

E tu fugias para o agasalho

De abraços silenciados no marido.

Nem sei se houve a cena que descrevo,

Faz tanto tempo, mas se ainda eu a levo

Na memória, talvez tenha ocorrido.