ESPECTROS

Não me quiseram mais os teus olhares,

teus lábios, teus sorrisos resplendentes,

retratos pendurados nos pesares

do coração, açoites renitentes.

Reminiscências, celas tumulares,

abrigam madrugadas descontentes

de alguém que, sem querer outros lugares,

invade o esconderijo dos ausentes.

Alheio às penas desta teimosia,

persigo espectros numa galeria

enquanto se dissipa outro soluço.

O sol desponta e beija, solidário,

um rosto insone, segue meu calvário:

amor, sobre a saudade me debruço!