EPITÁFIO

Aqui jaz alguém que sempre temeu morrer,

Que tinha a morte como um ato de heroísmo,

Que achava ingrato tão maldoso desfecho,

Que viveu sua existência à beira dum abismo.

Aqui jaz alguém que procurou veemente,

As recompensas consagradoras do viver correto,

Que fez da humildade bandeira hasteada,

Que teve por paixão o cultivo do pátrio dialeto.

Aqui jaz uma pequena fração da história,

Que sentiu na pele o desafio dessa luta,

Que fez da arte a sua maior glória.

Aqui jaz um homem que teve vida curta,

Que não possuiu feitos nem vitória,

Que mesmo no pranto manteve a face enxuta

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