[ sem título #15 ]
bastaria o que somos por detrás deste
corpo y o que nos acende nas manhãs
em que sentimos as dores juntos com
os homens a operarem as máquinas
— quando não são as máquinas que os
operam. bastaria o teu idioma de fora
y o meu ouvido de dentro, em qualquer
canto destas ruas e avenidas que se
mudam; quando não somos nós que nos
mudamos: seja pelos passos que damos,
seja pela maneira com que nos amamos.
bastaria um vestígio que fosse do teu riso
y uma faísca qualquer dos teus cabelos,
para calar este silêncio de noite chuvosa.