Lua Solitária
Quanto tempo inda nos resta para ouvir,
etéreas as melodias do passado...
São notas tristes que fazem-nos sentir,
saudades no poente amortalhado.
Ó alma, tu que ficastes a haurir,
o brilho d'uma estrela neste meu fado...
Vê, as horas indo lentas a partir,
arcanjos em nuvens aureolados.
Como quem já morreste para o mundo,
distante dos tristíssimos olhares,
me acompanhas o azul do céu profundo.
Sombra que vela meus passos p'la rua,
vós, que já ouvistes os meus pesares,
segue-me, sempre, solitária uma lua.