POETAS DO SAMBA - OSVALDINHO DA CUÍCA

MINHA VIZINHA

(Osvaldinho da Cuíca)

Eu vivia e morava na periferia

Mas certo dia resolvi mudar

E fui morar na vila monumento

Num apartamento de vista espetacular

Mas a minha alegria durou muito pouco foi só um minuto

Pois o problema é a vizinha do lugar

Bis: ela é anarquista, ela é terrorista da faixa de gaza

E fez meu sonho em pesadelo se acabar

Quando ela fala parece a corneta de um regimento

Convocando a tropa no apartamento

Que é muito pequeno pro seu batalhão

É cachorro que late, a velha que grita, a gorda que berra

Criança pulando brincando de guerra

Tirando o sossego deste cidadão

Refrão:

Minha vizinha é maloqueira

Maloqueira, maloqueira

Sem era nem beira, sem educação

Desabafo cantando esse samba pra ela

Com muito respeito e consideração

Breque

(que ela tenha um infarto pro bem da nação)

Osvaldinho, tua vizinha é u'a mala

E ao mudar entraste numa fria

A praga acabou co'a tua alegria,

Pois, pelo jeito, não há como aguentá-la.

Devias ter feito uma sindicância

Antes de ir morar nesse lugar

E tens um abacaxi pra descascar

Sem nunca apelar pra ignorância.

Agora tu estás em maus lençóis

Por causa de uma doida maloqueira

E ainda cantas um samba pra ela

Tu não te livras dessa matusquela

Nem mesmo com macumba ou rezadeira,

Melhor é dar o fora - e vamos nós.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 15/01/2020
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