POETAS DO SAMBA - NEI LOPES E WILSON MOREIRA

COISA DA ANTIGA

(Nei Lopes e Wilson Moreira)

Na tina vovó lavou, vovó lavou a roupa que mamãe vestiu quando foi batizada

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

Hoje mamãe me falou de vovó, só de vovó,

Disse que no tempo dela era bem melhor

Mesmo agachada na tina e soprando no ferro de carvão

Tinha-se mais amizade e mais consideração

Disse que naquele tempo a palavra de um mero cidadão

Valia mais que hoje em dia uma nota de milhão

Disse afinal que o que é liberdade

Ninguém mais hoje liga, isso é coisa da antiga!

Oi, na tina!

Na tina vovó lavou, vovó lavou a roupa que mamãe vestiu quando foi batizada

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

Hoje o olhar de mamãe marejou, só marejou,

Quando se lembrou do velho, o meu bisavô

Disse que ele foi escravo, mas não se entregou a escravidão

Sempre vivia fugindo e arrumando confusão

Disse pra mim que essa estória do meu bisavô, negro fujão

Devia servir de exemplo a esses "nego Pai João"

Disse afinal que o que é de verdade

Ninguém mais hoje liga, isso é coisa da antiga!

Oi, na tina!

Na tina vovó lavou, vovó lavou a roupa que mamãe vestiu quando foi batizada

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

E mamãe quando era menina teve que passar; teve que passar,

Muita fumaça e calor no ferro de engomar

Tempo bom era aquele, meu irmão,

Em que a roupa era lavada na tina

E toda mãe, quando era menina,

A engomava no ferro a carvão.

Apesar da fumaça e do calor,

Fio de barba ou aperto de mão

Era a garantia de um cidadão

E à palavra era dado valor.

Escravidão, falsidade e intriga

Eram sempre enfrentadas com coragem

E ninguém era alvo de fofoca.

Agora a farsa é moeda de troca

Pra que pratiquem roubo e malandragem

E o que era bom é coisa da antiga.

Bom dia, amigos.

Ótima terça, Deus os abençoe. Bem-vindos à NOSSA página.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 21/01/2020
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