SEM LEI

Não tenho obrigação de ser um forte,

tampouco aquele exemplo bonitinho,

porque não sou criatura que suporte

o ardor de amolecer alheio espinho.

Não sou lição, modelo, rumo ou norte,

o cara que escancara o bom caminho.

Eu quero o agora curto, um triz, recorte,

retalho que sobrou do terno em linho.

Que seja-me a existência um nada em curso

aos olhos de indolente e dócil urso,

um panda fofo a só preguiça e fome.

Talvez eu queira amor sem voz, discurso,

que gasta tudo à gente e não consome,

amor sem fim, conceito, lei ou nome.