A CIGARRA (SEM A FORMIGA)
Saúda, em grande júbilo, a cigarra,
A luz do sol de plena primavera.
Se juntam tantas outras , na algazarra,
E o canto, agudo, ao ares reverbera.
Por longos anos, muita força e garra,
Nos subterrâneos, demorada espera.
Uma epopeia, como Homero narra,
Na escuridão que largo espanto gera.
Por isso, em cada canto, apenas festa,
Que espalha sem cessar toda a cantiga,
Calada em longa vida tão funesta.
Vibrando o dia todo, sem fadiga,
Acordam, nos recantos da floresta,
Os ecos dessa história muito antiga.
Bela interação do grande Poeta e Amigo Jota Garcia
A CIGARRA E O CIGARRO
Um é cruel assassino
Que nos mata lentamente
A outra tem a sina do sino
Canta e encanta a gente.
Ele se finda em chama viva
E ao morrer também nos mata,
Enquanto ela inofensiva
Chora seu canto na mata.
Os nomes até se assemelham
Mas quanta disparidade
Elas bondade espelham
Eles só lembram maldade.