Ao Luar
Deixai a lua pratear-me a lousa!
(Álvares de Azevedo)
E lá se foi, sereno, outra vez o astro
Merencório num céu que tanto almejo.
E atrás, de ti, seguindo-te o teu rastro,
Negras nuvens em místico cortejo.
E o vento frio beijava-nos a face,
Juntos íamos nós, juntos a caminhar...
Ouvindo, o vento, como se cantasse,
Melodias d'um'alma que sonhas ao luar.
Por onde fores brancas e serenas
Ficarão, as noutes iluminadas,
Revelando lírios e açucenas.
Os arvoredos que o pássaro pousa...
E quando eu for o pó nas madrugadas,
Tu que estarás a clarear-me a lousa.