Nevoeiro
A névoa que hoje deixa o céu nublado,
Ó alma, que ainda sente a esperança.
É fria, e traz-me a mente do passado,
Áureos os tempos, áureos de criança.
A saudade, ave negra no arvoredo
Que os prados verdejantes sobrevoa...
Nos caminhos que sigo assim quedo,
Triste tua lira no peito eis que soa.
Ah! Serenas horas de ternura,
Que não se ouves o dobre do lamento,
Nem se pensa na paz da sepultura.
Alma que anseias o poente derradeiro...
Silencioso sopras aqui o vento,
Envolto nas brumas deste nevoeiro.