OUTONO

Tela cinzelada a aragem ressoa,
Perco o rumo, o prumo, a coragem,
A minha imagem parece que voa,
Fragmentada na entardecida paisagem.

Sinto que estou n'outra estação, embora,
O verão ainda esteja ao meu dispor,
Uma estranha amargura me devora,
Folhas caem... caem d’alma, lágrimas de dor.

Amor...? se há, se esconde da minha sina,
Camufla no vento que me esfacela,
Converte a minha crença em densa neblina.

O tempo baço faz de mim, o seu trono,
Me refuta qualquer tom de aquarela,
E como as folhas secas, eu me faço outono.