Íntimas Memórias

Revolvo as cinzas de passadas eras,

Sombrio e mudo e glacial, senhora,

Como um coveiro a sepultar quimeras!

(Augusto dos Anjos)

Como um coveiro a sepultar quimeras,

Solitária minh'alma aqui já fostes...

Relembrando das prístinas eras,

Triste, no silêncio d'uma triste noute.

Revivendo tão íntimas memórias,

Por esses velhos campos solitário...

Vibraste, tu, como num campanário,

Ao som de badaladas merencórias.

E hoje vendo sem astro o céu etéreo...

Vejo-lhe, ó vida, frágil como uma flor,

Na frente deste velho cemitério.

As pétalas perdendo, o charme e a cor,

Próxima de seu préstito funéreo

Exalando ainda os aromas do amor.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 01/03/2020
Reeditado em 17/07/2020
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