À OTOMANA

À OTOMANA

Espaçoso, relaxo na poltrona,

Enquanto bebem pela biblioteca.

No meu colo, SONETOS mais me obceca

Do que a gente graúda d'esta zona.

Tão logo a mente aos versos se abandona

Eu folgo igual paxá p'ra lá de Meca...

A língua de ressaca se resseca

À medida que Antero me emociona:

-- Sapatos novos moeram os meus pés.

Por isso, os elevando de través

Eu me sento à otomana a noite toda...--

Explico sem que alguém me perguntasse,

Voltando para o livro em pleno impasse,

Indiferente a quem se incomoda.

Belo Horizonte - 09 03 2020