LAMENTO DA ÁRVORE
Não pude me mover sujeita ao malho
Do machado, ferindo o tronco antigo
E ouvindo as folhas dando o adeus amigo
Às aves desvalendo-se do galho.
Não pude lhes falar que o trabalho
Pago a centavos, cheio de perigo,
A muitos deixaria sem abrigo
E de esperança morta sob o orvalho.
Não pude lhes dizer que à derrubada
Não seguiria a imagem projetada
Por quem dá uso à terra pra enricar.
Não pude lhes passar simples lembrete,
De que floresta ao chão é o tapete
Para a ganância humana desfilar.