Sem pé nem cabeça
A la Gregório
Me lanço, agora, um desafio e tanto.
Do nada, a ideia veio num momento:
Usar a mesma rima, é meu intento.
Se vou chegar ao fim, eu não garanto.
A coisa vai fluindo, como um vento,
E as rimas se ajeitando no seu canto.
Sentido, pode até não ter, no entanto,
Ao meu trabalho dou prosseguimento.
É como se lançar num labirinto,
Por vezes, titubeio e fico tonto,
Usando várias rimas em conjunto.
Enfim, termino e grande alívio sinto.
Rimado, meu soneto ficou pronto,
Em anto, ento, into, onto e unto.
Sensacional interação do Poeta Fonseca da Rocha
Dos pés à cabeça, contemplo o mundo
Pois veja que a ousadia é brava,
maior co’a inspiração entregue às trevas.
Mas quando o desafio ao sonho eleva,
até o inalcançável a mão grava.
Da costela de Gregório, minha Eva!
A homenagem de Belino destrava,
e aquilo que em meu peito se guardava
é o pouco que da vida se leva.
É como o encantamento que uma diva
desperta aqueles com os quais cultiva,
segredos de uma lágrima na chuva.
Mestres que me inspiram em ricas trovas,
às minhas tolas rimas põe à prova.
Em ava, eva, iva, ova e uva.