Ridículo

Ridículo o homem, velho e não conciso

Fulgor vencido, desejo pérfido, infame

Saliva a boca, os olhos come, vexame

Onde o gozo jaz, e já não lhe é preciso.

A ânsia acende, morre a fome, espanto

Soberba, orgulho, inefáveis e sem brio

Um meio homem, animal quase no cio

Libido inversa, o espírito e o encanto.

Perece a estranhos olhos, sua amargura

Posto que o néctar, a linfa e a aventura

Não mais fecundos, mórbido ventrículo.

O coração se sabe, uma artéria sofrida

O cérebro, a máquina não envelhecida

Morrer também, ser-lhe-á ridículo.

HELDER C ROCHA
Enviado por HELDER C ROCHA em 24/03/2020
Código do texto: T6896248
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