Melancolias
Vão-se os pássaros no azul do céu silente,
Outra vez, melancolias no entardecer.
E a paisagem vai morrendo lentamente,
Envolta pelas sombras do anoitecer.
Última nota da tarde vai-se calma,
Como n'horto solitária flor que pende...
Essa dor que por dentro, sentes ó alma,
Nem tu, não, que vens comigo lhe compreende.
E quando a tarde morre este campo vário,
Veste-se d'escuridão os teus verdores
Ao cântico dum pássaro solitário.
Melancolias de novo no entardecer,
Sentindo, doutrora, doces os olores,
Contemplando outra vez o anoitecer.