Lira Entristecida
Quero dizer-lhe o quanto amo-te, ó vida,
Como a alma venturosa que suspira.
Mas sou triste, e nas tardes minha lira
Sempre soas no meu peito entristecida.
Uma alma merencória que delira,
Relembrando o frescor das datas idas...
Ao vagares no outono lhe inspira,
Lamentosas folhas pelo chão caídas.
Ave que o dia morrendo vê cantando,
Ó vida, nesses caminhos seguires,
Deixais que ainda possas eu sonhando.
No meu peito, silente, eu sentires,
A flor dos tempos idos, esperando
A madrugada d'ilusões surgires.