QUARENTENA

Avisto da janela o amanhecer lá fora...

Os pássaros cantando alegres, céu aberto,

aquele cafezinho enquanto o trem está perto,

disputo um bom lugar e o ombro o rosto escora.

O tempo se acelera e o passo, então, aperto

e apresso-me a embarcar no coletivo agora,

a fim de assegurar que eu chegue em boa hora

e garantir o dia, o ganha-pão, um teto.

Já hoje, em quarentena, avisto da janela

toda a mercadoria encaixotada ali

na escada: meu biscoito e bolos... meu sustento!

Difícil não chorar ao ver minha panela

vazia e fico em casa a proteger-me, atento,

do vírus da eleição (que mata) e está por vir.

Jean Marcell Gomes Albino
Enviado por Jean Marcell Gomes Albino em 10/04/2020
Reeditado em 24/04/2020
Código do texto: T6912135
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