Vida
Poema frígido e disforme,
Poesia atra e velada,
Em nevroses sem nume,
No ósculo da agrura olvidada.
Ensejo de um ocaso tetérrimo,
Mortalha ulterior da noite sem luar,
Amofino átimo silente e ermo,
Debalde e torpe passado no rememorar.
Ingente padecer n ' alma, em negrume,
Epílogo do existir sem lume,
Laudas rasgadas do tomo da existência.
Rebotalho de versos e estrofes esmaecidos,
Anseios e dolências no tempo inumados,
Findar do opúsculo da deletéria matéria que silencia.
Em XX de março de MMXX. E. V.
Dies veneris.