Com asas, um corcel me apareceu...

Com asas, um corcel me apareceu...

Pousou, ilustre e límpido, lustroso,

entoando um nitrido mavioso;

e o lombo para mim ofereceu...

Que queres, ó lendário equino meu,

descendo a um rapazote receoso?

Lançou a minha mão um glamoroso

olhar, e outro relincho ele me deu.

A pena entre meus dedos, suja e gasta,

lembrava as que nas costas exibia

com brancura infantil, macia e casta.

Chorando à claridade que emitia,

lancei-me à montaria gorda e basta;

mas logo o pó do chão me desmentia.

08/04/2020

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 14/04/2020
Reeditado em 14/04/2020
Código do texto: T6917136
Classificação de conteúdo: seguro