NOITE INFINDA (modificado)

É madrugada à sangria urbana.

O asfalto é cinza afogada em brilho,

que pulsa em bêbado afogadilho,

à sanha doida que a chuva emana.

Em bocas putas, tesão sacana.

De pedra e álcool e pó: o gatilho

a disparar-se e inverter o trilho.

Por genitais, a procura insana.

Entorpecidos em exageros,

se embolam tontos e semivivos,

tentando, à toa, qualquer guarita.

E nessa trama de desesperos,

zumbis divagam a sós, cativos

à noite infinda que lhes habita.