ALVORADA

De braços abertos, recebe na face

carícia do vento, no cimo do monte;

tomado em fascínio, fitando o horizonte,

que acolhe a alvorada, num plácido enlace.

Espera que nuvem tristíssima passe,

que o vento a dissipe, com vincos da fronte

e os leve no colo, a solver-se na fonte

nutriz da existência de paz sem impasse.

E tal se estivesse a sagrar-se no altar,

em meio ao sublime se acerca à certeza

de ser, pertencer ao Universo, um seu par.

Então, de repente, à divina proeza,

os braços transformam-se em asas pelo ar,

vibrando, encantadas da própria beleza.