Pesarosas Horas
Senhora que um dia nesses sepulcros,
Cobrir-nos irá o brilho que inspira...
Calando a ária dos sonhares pulcros,
Que vibrastes na vida nossa lira.
Em ti, penso, nas horas pesarosas,
Nas estradas que o luar não resplandece...
Vós, que m'encontrar nessas umbrosas,
Rezai por mim baixinho velha prece.
Eu que vejo os dias irem como a rosa,
Que sozinha, no bosque, emurchece
Ao canto melífluo d'uma ave maviosa.
Natureza erma, de mistérios tantos,
És bela, vós, também quando emsombrece,
Negra noute aqui teus flóreos mantos.