Bela e surda e interminável rosa...
“...E a quem te adora, ó surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!...”
Cecília Meireles, Segundo Motivo da Rosa.
Essa lágrima cristalina, tão luminosa,
que na minha face insiste em deslizar,
guarda no brilho a realidade dolorosa,
que hoje o mundo insiste em me revelar.
E pouco a pouco, a face se faz chuvosa,
qual tempestade convulsiva a despencar,
despetalando a mais enternecida rosa,
que se recusa a meus clamores escutar.
Eu que tudo faço por seu perfume,
por seu tom, por sua luz, por sua cor,
por suas pétalas tão suaves, tão airosas...
Não sei fazê-la escutar o meu queixume,
e essa lacuna só aumenta a minha dor,
cravando em meu peito espadas impiedosas...