FILHOS DA PÁTRIA

Um verso ardência efervescendo na garganta,

cativo e a doido anseio de atirar-se um grito

e combater, no austero externo, o que o suplanta

no permanente embate amor, justiça e atrito.

Não mais suporta a hipocrisia, o falso rito

que torna a freira mais perversa, pura santa;

jantares fartos, mesa posta ao ombro aflito

do que a produz e, à cruz, se curva e mal levanta.

À iniquidade, o verso grito ateia a luta,

quer um poema que devaste o sofrimento

dos rejeitados pobres filho duma puta...

Que se disfarça em mãe gentil, se dá provento

ao filho fausto que, a comendo em vil permuta,

despeja o gozo em seu azul e o faz cinzento.