SEPARAÇÃO

Meu olhar tolo te segue pela rua.

Cavar-te à nuca, o buraco em meu peito.

Não por paixão, mas por desprezo feito.

Não por amor, mas por justiça tua.

Lâmina cega que já não perfura,

te roça a pele sem tirar proveito.

Desesperada, na sarjeta deito

junto aos cães em súplicas por ternura.

Volto pra casa ainda mais perdida.

A te acusar pelos erros da vida.

A te culpar por todos meus fracassos.

Em mar de mágoas, sonhos são metal.

Não a glória piedosa do punhal,

mas correntes que arrasto a cada passo!

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 12/05/2020
Código do texto: T6944868
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