Cântico

No alto, doirados tons olhares prendem,

E seguindo ave branca o seu fadário...

Das árvores mortas as folhas pendem

Merencórias tal poente solitário.

D'angústias vestem-se esses verdores

Sob o brilho d'um astro entristecido...

Florescem, redolentes as flores,

E d'alma se ouve o cântico sentido.

E os dias lentos morrem como um arpejo,

Nesses flóreos trilhos onde as lembranças

Cantando foram com o teu cortejo.

Docemente cai a noite, e a saudade

Que o peito fere nessas andanças,

Visitar-me vem na fria soledade.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 15/05/2020
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