ÉDIPO, REI

ÉDIPO, REI

Há-que se vazar, cego, as próprias vistas

Aquele cuja culpa imensurável!...

O Fado fez de mim o Inescusável

E reduziu a pó minhas conquistas.

Se falo é para o bem dos idealistas:

-- "Duvidai da fortuna d'um notável!"...

A vida é aforisma impenetrável,

Que resta ao escrutínio de sofistas.

Vago agora por uma noite eterna,

Onde as glórias se mostram relativas

Ao largo de palavras compassivas.

E ao vão das horas mortas me governa

Só a ânsia d'haver pela má jornada

A terra de meu túmulo sagrada.

Belo Horizonte - 15 05 1998