FALSOS DEGRAUS

FALSOS DEGRAUS

Silva Filho

Sou o artífice que fabrica o nada!

Letra por letra em vã construção.

Matéria-prima é o cimento da ilusão,

Em cada verso – uma casa abandonada!

Faço parede onde não tem chão!

Faço as curvas sem que haja estrada.

Faço degraus, mas não consigo escada,

O último andar nunca passa do porão!

Não adianta insistir contra a maré,

Quando o destino põe na vida a polé,

Deve ser a remição dalgum pecado!

Não há quem possa ouvir o seu grito,

Cortando o silêncio do infinito,

Com um verso previamente rejeitado!