Quem és, senão Deus, ó majestosa
Quem és, senão Deus, ó majestosa,
D'oiro cobre os verdores com teu véu.
E vais, lenta como a ave maviosa
Que nas tardes voeja por este céu.
Tráz o silêncio das frias madrugadas
Que se foram no raiar da luz nascente...
Melancolias de noutes enluaradas,
Pulcritude das flores redolentes.
Oh! Das flores em meio a névoa que chora,
Quando d'haste murchas pendem n'aurora.
Lamentas solitária quaresmeira...
E sob o vento que nos vales corre,
Vós, ó manhã, silenciosa morre,
Como um suspiro na hora derradeira.