ANJO ABANDONADO

Perambula, menino, pela rua,

aos efeitos da pedra alucinante,

teu esteio, um espelho dalma nua

a sangrar, a queimar, dilacerante.

Mal suporta o pretume da cafua,

onde esconde, da chuva causticante

de violência, furores, surra crua,

sua vida sombria e lancinante.

Tanta gente, percebe, afortunada,

com seus lares de amor. E você, nada!

Nem mamãe, nem família. É o próprio NÃO!

E se agride, nas turras e revoltas;

e, ligeiro, escorrega-se de escoltas

e me arranha de culpa. Anjo, perdão!