SILÊNCIO SEPULCRAL
Silva Filho
(Transposição de textos antigos)
 
 
 
Cale-se a poesia que se diz atroz
Mensageira que foi da sedução
Cale-se com ela, também a voz
Do poeta perdido em delusão.
 
Cale-se o verso que já era mudo
Cale-se o eco que não ecoava
E o presente ‘nada’, outrora ‘tudo’
Que se faça refém, pela aldrava.
 
Cale-se o pensamento compulsivo
Cale-se esse verso inexpressivo
Sem roteiro, sem lastro, sem direção.
 
Cale-se o desejo de amar alguém
Cale-se o perfume que de longe vem
No silêncio sepulcral - do coração.