ÁGUAS SERVIDAS

ÁGUAS SERVIDAS

Das barbacãs do arrimo uns lagrimais

Merejam, gota a gota, d'entre lodos.

Se até as rochas choram, quantos modos

Não temos de verter os nossos ais?

Os olhos marejados, tais e quais,

Escorrem pela face sem engodos,

Mostrando o que se sente para todos,

Como do coração mananciais...

Estas águas que servem de lavar

Por rochas e por olhos a levar

Embora tanto nódoas quanto mágoas!

Ao lavar e levar, quedam servidas

As águas através de tantas vidas;

As vidas através de tantas águas.

Betim - 08 06 2020