Medo

Ele anula o desejo,

Não permiti amar,

Amortalha o pensar,

E mortifica o crasso pejo.

No seu lúrido trino, a ecoar,

Gélido átimo de torpor,

Nas langues flores das horas, sem olor,

E na sanha inefável, no íntimo a inumar.

Pélago umbroso, álgido e cavo,

Haurir de um licor travo,

No obliterar de cada ensejo.

Eflúvios dos sonhos, a esmaecer,

Ingente nevrose a intumescer,

No atro e indelével medo, em lampejo.

Em XIII de abril de MMXX. E. V.

Dies lunae.

Marvyn Castilho
Enviado por Marvyn Castilho em 06/07/2020
Código do texto: T6998137
Classificação de conteúdo: seguro