Desventura


Chamas por mim, nas dores enormes,
Mas não te lembras, quando nos prazeres,
Este ser que te vela, enquanto dormes,
Também vive, como todos os seres.


E nas magoas intimas, de teu ser,
Vejo-me projetado, qual um escudo;
Criado para te defender.
Sou um vulto, um nada de teu tudo.


Mas carrego minha cruz calado.
Amo-te sou o balsamo procurado,
Quando estás em desvario inconsciente.


E aos teus pés, vencido me ponho;
Não revelando nunca no que componho,
Ocultando a desventura de toda gente.