Conselho


Se tu te lamentas as horas incertas,
Consola-te, lendo os versos que faço.
São pingos miúdos daquilo que passo.
Se tu te irritas com outros poetas,


Encontrarás aqui a flor que viceja,
Neste peito vazio que mais parece
Tumulo ardente de amor que fenece.
Se tu te furtas ao prazer que desejas,


Conforta-te com esta alma que passou
Em branco por caminhos acidentados.
E se tu te aniquilas pelo que restou,


Consola-te com esta vida já cansada,
Deste poeta que não teve passados,
Da existência lhe restando o nada.