Íntimas Memórias

Como um coveiro a sepultar quimeras!

Augusto dos Anjos

Como um coveiro a sepultar quimeras,

Solitária minh'alma aqui já foste...

Relembrando das prístinas eras,

Triste, no silêncio d'uma triste noute.

Revivendo tão íntimas memórias,

Por esses velhos campos, solitário...

Vibraste tu, como num campanário,

Ao som de badaladas merencórias.

E hoje, vendo sem astro o céu etéreo,

Vejo-lhe, ó vida, frágil como uma flor

Na frente deste velho cemitério.

As pétalas perdendo, o charme e a cor,

Próxima de seu préstito funéreo

Exalando ainda os aromas do amor.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 17/07/2020
Reeditado em 17/07/2020
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